Cientistas descobrem o 'sexto sentido', e ele não tem nada a ver com paranormalidade

Foto meramente ilustrativa. Foto: Freepik


'Novo sentido' rivaliza em importância com visão, olfato, paladar, tato e audição, dizem pesquisadores da Universidade de Duke

O corpo humano tem um sentido até então desconhecido que rivaliza com a visão, o olfato, o paladar, o tato e a audição em importância, e que não tem nada a ver com paranormalidade (como no célebre filme "O Sexto Sentido"). Este "sexto sentido" está localizado no intestino. Esta foi a conclusão de uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Duke (EUA). Eles descobriram que células especializadas no cólon podem detectar sinais de bactérias e enviar mensagens rápidas ao cérebro, controlando a quantidade de alimentos que comemos.

Publicado na revista "Nature", o estudo liderado por Diego Bohórquez e Maya Kaelberer revela o que os cientistas chamam de "sentido neurobiótico", um canal de comunicação direto entre os micróbios intestinais e o sistema nervoso. Quando esse sistema sensorial bacteriano falha, camundongos comem mais e ganham significativamente mais peso do que o normal. A descoberta pode ajudar a explicar por que distúrbios nas bactérias intestinais estão ligados à obesidade e aos transtornos alimentares em humanos.

"Para coexistir com seus microrganismos residentes, o hospedeiro precisa ter um sentido para ajustar seu comportamento em resposta a eles", escrevem os pesquisadores.

O principal responsável é a flagelina, uma proteína que forma as caudas em formato de chicote que as bactérias usam para nadar. Quase todas as bactérias compartilham essa antiga estrutura molecular, tornando-a uma assinatura universal que o intestino aprendeu a reconhecer ao longo de milhões de anos de evolução.

A equipe de pesquisa se concentrou em células intestinais especializadas, chamadas células neuropódicas, que revestem o cólon e produzem um hormônio chamado PYY. Essas células contêm TLR5, uma proteína que atua como um sensor molecular e reconhece especificamente a flagelina. Quando os pesquisadores examinaram amostras de tecido de camundongos, descobriram que cerca de 57% das células PYY no cólon continham TLR5 — a maior concentração em qualquer parte do trato intestinal.

Quando a flagelina se liga ao TLR5 nessas células intestinais, ela desencadeia a liberação do hormônio PYY, que então ativa as fibras do nervo vago próximas. O nervo vago atua como uma rodovia biológica, transportando sinais do intestino diretamente para o tronco encefálico em segundos. Em vez de atuar diretamente nos nervos, a flagelina estimula essas células intestinais especializadas, que então reduzem a alimentação por meio desse circuito intestino-cérebro recém-descoberto.

Para testar se esse sistema realmente controla o comportamento alimentar, os pesquisadores criaram camundongos sem TLR5 especificamente em suas células PYY, mantendo o restante do corpo inalterado. Esses camundongos modificados comeram refeições maiores e ganharam mais peso do que seus equivalentes normais, com camundongos machos e fêmeas apresentando aumentos significativos no consumo de alimentos. O estudo demonstrou que camundongos sem o sistema de detecção bacteriana comem refeições maiores e prolongam a duração do processo de alimentação.


Fonte: Extra

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