Uma foto preto e branco. O que há de tão interessante? O que nos faz pensar que o mundo precisa ser sempre colorido? Que felicidade é essa que tanto esperamos? Que imagens nos assustam quando usamos as redes sociais? Qual a relação entre vida e cor?
Pensando sobre essa felicidade e o medo do preto e branco, entendo que mais que ter uma vida feliz é preciso que a gente tenha uma vida interessante. Interessante nos movimentos, nos contatos com pessoas, nas relações amorosas, entre amigos, entre familiares. Ser interessante é gostar de gente! Entender que a “vida presta”, mesmo com dias ruins. Não teremos sempre coloridos nos nossos dias, mas os teremos e é preciso saber aproveitar para aprender a sentir, a compreender que os dias preto e branco são nossos formadores, não nos matam, nos ensinam. É na vida interessante que podemos ser quem somos com dias bons e dias ruins, mas dias sempre cheios de vida. Afinal, nem todo preto e branco precisa ser assustador.
Pois bem, voltemos a foto preto e branco... Com um convite inusitado e o meu aceite, também inusitado, estreei como colunista da revista eletrônica Folha Egipciense. Que susto!!! Agora vou compartilhar alguns textos que sempre chegam em mim ou a mim. Nem sei bem como escrevo, em que gênero escrevo, mas sei por que escrevo... Escrevo pela necessidade de expressar sentimentos, nem sempre meus, nem sempre sobre mim, mas sempre tocando em mim. Sinto com a intensidade de um vento à beira-mar, como uma lua que se despede de uma noite encantadora e preciso dar liberdade a tudo isso.
Escrevo para ser livre! Para dizer para tantos outros e, principalmente, TANTAS OUTRAS, o quanto vale a liberdade de si, o acolher dos sentimentos mais diversos.
Mas o que tudo isso tem a ver com o título desse texto? Vamos aos inícios, meios e por fim, aos não fins.
Depois do meu aceite lisonjeado, o produtor da revista escolheu colocar uma foto minha, preto e branco, escolhida da minha página de rede social. No Instagram ela é colorida, trabalhada no filtro (afinal, é século XXI e quem não está na rede não é visto. E sem filtro não dar). E ele tirou a cor... Bastou isso para surgir inúmeras pessoas assustadas achando que era um aviso fúnebre. Ri horrores com isso e achei interessante, pois eu já morri muitas vezes. Mas, desta vez, não! Não MESMO! Nunca estive tão viva e tão cheia de mim, com todas as totalidades que me faz ser uma mulher 40+ (chique isso!).
Esse movimento proposital provocado pela escolha do preto e branco nos acende tantas questões: como é estar na rede? Que “social” é esse? A imagem e o texto conversam? Vale aquela máxima de que uma imagem vale mais que mil palavras? Parece que não!
É chegada a hora de desacelerarmos, de sermos PRESENÇA que olha e enxerga, que ouve e escuta, que abraça e apoia, que acalenta e chora junto, que gargalha e sorri baixinho pela conquista de outro(a).
Na pressa pela notícia rápida, pela solução mágica, não vivemos o PRESENTE, não tocamos as pessoas, não somos tocados nem sentidos. Apenas vemos, repassamos e nem sabemos em que momento nosso pensamento acelerou ou, talvez, nem saibamos do nosso acelerar nos dias tão comuns, esses que costumamos dizer que estão passando rápido demais. Só para constar: o dia ainda tem vinte e quatro horas.
O interessante da foto reside justamente no pensar uma sociedade em que vemos o que está posto, mesmo sem estar posto, mas acreditamos, repassamos, julgamos, num jogo de AUSÊNCIAS próximas até criarmos a PRÓXIMA ausência.
Parabéns Aparecida Izídio pelo texto. Desejo que seus dias sejam todos coloridos
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