O texto dessa semana propõe uma reflexão sobre a maternidade. Sem julgamentos, sem conselhos ou romantismo, mas com o coração aberto e cheio de medos, incertezas e alegrias, pois a maternidade traz em si todos os sentimentos possíveis.
Certo dia, ouvi, em uma roda de conversa (entre mulheres), a seguinte frase: “ela foi culpada por engravidar”, referindo-se a uma jovem mulher que engravidara num relacionamento sem “segurança”.
Pergunto-me: há culpa? De quem é essa culpa? Por que as mulheres precisam carregar todas as culpas que surgem com a maternidade?
É culpa dela a gravidez, é culpa dela não ter escolhido um pai amoroso, responsável, é culpa dela não exigir presença, é culpa dela não fortalecer os laços paternais (PATERNAIS), é culpa dela os traumas que seu (sua) filho (a) carregará, é culpa dela não amamentar, é culpa dela se o filho adoece e ela não estava junto dele, é culpa dela se ele não vai bem na escola, é culpa dela se ele não é um adolescente que cumpre padrões sociais, é culpa dela por não ser presente, por precisar trabalhar. É CULPA DELA! É CULPA DELA!
SEMPRE CULPA!
São tantas condenações... Mas quem sente suas dores? Quem a afaga quando ela passa a noite acordada, com medo do futuro do filho que ela colocou no mundo, carregando culpas e condenações? Quem contabiliza as angústias que sente ao precisar sair para trabalhar ou estudar e deixar seu filho chorando? Quantas vezes você acolheu a mulher-mãe que se senta ao seu lado, seja sua própria mãe, sua irmã, sua colega de trabalho, sua amiga, sua companheira (mãe de um filho seu e do seu enteado?
Ás vezes, a mulher que sorri, que se apresenta profissionalmente bem-sucedida, tem necessidades básicas de acolhimento, de abraços, de um olhar que promova entendimento, que não a condene.
Se há um papel que anula todos os outros papéis de uma mulher, com certeza é SER MÃE.
Se fosse possível contar, quantos corações você acha que teria uma mãe? Digo que apenas um, mas que bate em desalinho quando um filho seu precisa de cuidados, que se apavora quando não tem a solução para um problema que envolve sua criança (filho sempre será criança), que chora, que ama, que dói, como dói, mas que resiste. Resiste às condenações, resiste às culpas e AMA, mesmo que signifique não sentir seu coração bater em ritmo normal.
De todos os medos, o medo de uma mãe é superior.
Talvez você esteja pensando em alguma mulher-mãe nesse instante... não hesite, não julgue, acolha.
Chega de romantizar a maternidade, de negligenciar a saúde mental das mulheres grávidas, das mães em puerpério, das mães adolescentes, das mães, sem exceção.
Essas mães são mulheres que não precisam ser tidas como fortes, valentes, pois carregam os pesos que as definem dessa forma.
Afinal, o coração que dói é apenas um, mas que explode vez ou outra de dor, de alegria e de amor, também. Esse coração é o carregador que essa mulher usa para ser gente.


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