Alepe aprova projeto que protege empregos na Compesa antes de concessão

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) deu um passo decisivo no debate sobre o futuro da Compesa, ao aprovar um projeto de lei que garante estabilidade e manutenção dos direitos dos trabalhadores caso a concessão dos serviços de água e esgoto à iniciativa privada seja concretizada. 

A proposta, votada pela Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), foi apresentada de forma conjunta por seis deputados estaduais e teve forte mobilização de servidores da companhia, que acompanharam a sessão no Auditório Ênio Guerra. 

O relator do texto, deputado João Paulo (PT), destacou que a iniciativa é resultado direto da pressão dos funcionários. Segundo ele, o objetivo é assegurar que nenhum trabalhador perca salário ou direitos. “O empregado poderá optar entre continuar na Compesa, ser transferido ou seguir outro caminho, com todos os direitos preservados, inclusive aposentadoria”, afirmou. 

O projeto de concessão parcial prevê que a iniciativa privada assuma a distribuição de água e a coleta de esgoto em Pernambuco por 35 anos, com o objetivo de universalizar o saneamento básico até 2033. 

O investimento estimado é de R$ 18,9 bilhões, e o leilão está marcado para 18 de dezembro, na Bolsa de Valores de São Paulo. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) aprovou a modelagem da concessão e fez recomendações ao governo. 

Entre elas: 

revisão do custo médio ponderado de capital, o que aumentou em R$ 225 milhões o valor da outorga;
inclusão de metas de continuidade no abastecimento;
correção de inconsistências identificadas durante a análise.

A futura concessionária ficará responsável pela operação, gestão comercial e execução de obras de expansão, enquanto o Estado continuará com parte do controle da estrutura. 

TCE faz novas recomendações ao Governo do Estado 

O conselheiro Dirceu Rodolfo, relator das contas da Compesa, recomendou o fortalecimento da Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe), com a criação de uma unidade técnica voltada exclusivamente ao saneamento. 

Entre as orientações estão também a reavaliação periódica das tarifas e o aproveitamento dos servidores da Compesa na própria Arpe. 

O TCE alertou que o descumprimento das recomendações pode comprometer as metas de universalização e a sustentabilidade financeira da companhia. O tribunal seguirá fiscalizando o andamento do contrato e os investimentos previstos. 

Antes da aprovação do projeto, a categoria realizou uma greve em outubro, após cinco meses de negociações sem acordo salarial. O movimento foi aprovado em assembleias no Recife, Caruaru e Petrolina, e também serviu como protesto contra a concessão parcial. 

O Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco (Sindurb-PE) reivindicava: 

reposição integral da inflação, com 3% de ganho real; garantia de estabilidade por 35 anos, o mesmo prazo previsto para a concessão. 

A categoria também criticou a falta de uma norma que assegurasse formalmente a manutenção dos empregos e questionou o modelo econômico da concessão, alegando que o projeto transferiria à iniciativa privada a parte mais lucrativa da operação.

Poste um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem