Amores Líquidos Solidificados

Ilustração gerada por Inteligência Artificial. Qualquer semelhança é mera coincidência. 
É sexta-feira e Joana só quer terminar o dia de trabalho e sair com os amigos para um barzinho badalado da cidade. Detalhe: Joana acabou o relacionamento de doze anos há quase sete meses. A relação já estava desgastada e ela nem sentia tanta falta assim do ex-namorado. Pelo menos era o que ela fazia questão de dizer aos quatro cantos quando encontrava com amigos e parentes e finalizava a história com “Eu quero é viver!”.
 
E Joana viveu. Saiu. Dançou. Beijou na boca. Bebeu. Cantou. Foi a festas e se divertiu como nunca tinha feito antes. Ela parecia blindada para o amor ou melhor novo amor porque de amar ela dizia entender já que se dedicava aos seus romances de corpo e alma, mas, por motivos que ela desconhecia, acabava sempre se decepcionando e a relação terminava deixando um vazio largo.
Dessa vez, não! Dessa vez ela não permitiria que o amor chegasse pedindo abrigo. Não abriria nenhuma porta ou janela para que entrasse sentimentos. QUERIA VIVER. A modernidade social forçava um posicionamento diante dos sentimentos. Não há lugar mais para amores que aprisionam, não há como deixar que sentimentos que deixam as pessoas bobas sejam alimentados.
 
Mas, voltemos à sexta-feira. Joana sai com dois amigos, chega no barzinho, pede uma dose de um drink que ela não sabe o nome e sempre o pede pela cor -licor de tangerina com gin-.
 
Conversa vai, conversa vem, Joana dança.
Dança livre. Ela está certa de que tem o controle do seu corpo e de suas vontades.
Joana baila e esbarra em alguém...
Ops!!!
De novo...
 
Agora já são quatro anos de VIDA dividida entre Joana e seu companheiro que teima em dizer que ela o amou desde o momento em que o viu. Joana sorri. Perde-se no brilho dos seus olhos e sabe que VIVER É DESCONTROLAR-SE E SURPREENDER-SE COM AMORES QUE, MESMO LÍQUIDOS, PODEM SOLIDIFICAR.

Que sexta-feira!!!



1 Comentários

  1. Para a Folha Egipciense pela escola e a Aparecida pelas crônicas sensíveis que mistura modernidade líquida e modernidade sólida e liquidifica tudo num só lugar ou não, mas representa tudo num crônica

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