O que fazer com nossos silêncios? Em que momento podemos deixar transparecer que estamos em desalinho e necessitando encontrar soluções para o silêncio que nos invade?
Mais importante de que responder esses questionamentos está o “quem nos ouve?”. Quais pessoas podem ser amparo para os (as) “fortes”, os (as) “seguros(as)”?
É justamente nesse questionamento que muitos param, insistem em manter-se forte, mesmo com o mundo parecendo desabar por medo de expor-se.
Quantas vezes você desabou? Escondeu uma lágrima? Buscou esconder sua fragilidade e apenas seguiu o fluxo? Posso dizer, sem medo de errar, que muitas vezes, incontáveis vezes.
É sobre isso que quero que reflitamos hoje – O SILÊNCIO DAS MULHERES FORTES- aquelas que têm uma história de vida que inspira, que causa admiração e que parecem ganhar o mundo diariamente.
Elas são RECORTES: seres incompletos, complexos, cheios de dúvidas, medos, angústias, alegrias, paixões, desafios e realizações. Esses recortes mostram os diferentes papéis que desempenham no dia a dia e que as constituem como mulher.
Isso nos leva a refletir sobre o lugar das mulheres no mundo, no ethos que fora construído em torno de sua personalidade, ou melhor, no ethos que as referencia em determinados e diferentes contextos. Para Maingueneau, “o ethos é a imagem que o locutor constrói de si no discurso para influenciar o alocutário, envolvendo a corporalidade, o caráter e a maneira de se mover no espaço social”. Diante disso é pertinente dizer que há diversos ethos construídos pelas mulheres.
A mulher livre, fêmea que não apenas procria, mas que deseja, que sente prazer e que vive. A mulher profissional, de sucesso, de lutas e de razões, mas que também cuida, educa e ama e que quer ambos os reconhecimentos. Uma mulher-filha-mãe que valoriza a maternidade, que sente a culpabilização de uma sociedade por suas ausências sem ser capaz de entender suas presenças.
Uma mulher que decide por não ser mãe e que, nem por isso, é menos mulher.
Uma mulher que decide amar outra mulher ou outro homem e que quer cumplicidade e entrega, mas não renuncia à liberdade de ser, de pensar e agir, que não perde sua individualidade, que mantém seus amigos e os coloca como prioridade, quando assim é necessário.
Ah, essas mulheres são ímpares mesmo formando tantos pares, reconhecem seu lugar, se posicionam, mas, muitas vezes, silenciam por precisarem estar sempre em alerta, na situação de serem analisadas, julgadas. São essas mulheres que são definidas como fortes que precisam de abraços, de sorrisos, de cafés, de amores, de presença e de acolhimento. Não importa a posição que ocupem, ainda há um vazio que não se preenche em mulheres que resolvem enfrentar o mundo.
Quer um conselho: não tenha medo de pegar na mão de uma mulher forte e dizer que você está ali, que ela pode silenciar ou romper o silêncio.
E como MULHER FORTE, posso dizer que há diálogos que curam, abraços que salvam e carinho que acolhe. É preciso ostentar uma fortaleza para ser o que somos, mas na certeza de que temos alguém que pode nos ouvir e notar o que há por trás dos muros que construímos para nos proteger.
E você? Está esperando o que para fazer valer essa presença?
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